Chapter 3: Medo e Confiança
Depois do banho, a noite estava tranquila, o silêncio era acolhedor. O quarto foi suavemente iluminado pela luz das lâmpadas, criando uma atmosfera reconfortante e segura. Maddie ajustou as cobertas e se deitou ao lado de Danny, que já estava com a cabeça descansando no travesseiro, mas seus olhos ainda estavam abertos, refletindo um turbilhão de pensamentos.
Ela sentiu a tensão nos ombros dele, ainda compartilhada de todos os medos e dúvidas que o atormentavam. Sem hesitar, ela se moveu, tocando suavemente sua mão.
— Eu sei que você tem muito em sua mente, Danny. Mas agora, é hora de descansar. O mundo pode esperar. Estamos aqui, juntos, e amanhã é um novo dia.
Danny respirou fundo, sentindo o calor da mão de Maddie em sua, e fechou os olhos por um momento. A sensação de segurança era algo que ele não experimentava muito, mas que agora, com ela ao seu lado, se tornava real. Ele se permitiu relaxar, mesmo que um pouco, comentários que pudessem confiar nela.
— Eu... ainda tenho medo, Maddie. Mas acho que... talvez seja mais fácil enfrentar tudo com você.
Ela invejosa gentilmente e se ajeitou ao lado dele, envolveu-o em seu abraço, como se estivesse tentando proteger não só seu corpo, mas também sua alma.
— O medo é natural. Ele vai e vem. Mas, no final, é o amor e a coragem que te sustentarão. Não importa o que aconteça, eu estarei ao seu lado. Lembre-se disso, Danny. Você não precisa carregar tudo sozinho.
Danny sentiu o calor do abraço dela e, pela primeira vez em semanas, um colapso gentil tomou conta de seu coração. Ele sabia que havia muito pela frente, muitas incertezas a serem enfrentadas. Mas com ela ali, tudo parecia um pouco mais possível.
— Obrigado, Maddie... Eu... Eu não sei o que faria sem você.
Ela abriu um pouco mais o abraço, oferecendo o conforto que só ela poderia dar. — Você nunca precisará saber, porque sempre estarei aqui, Danny. Para o que der e vier.
E com isso, os dois fecham os olhos, o calor e a uma presença do outro sendo tudo o que precisem para adormecer em paz, prontos para o que o amanhã trouxesse.
Danny olhou para sua mãe deitada ao lado dele, o calor da escuridão suavizando o ambiente ao redor. A luz suave da noite contornava as formas de seu corpo, e ele não pôde deixar de notar o modo como o tecido da camiseta dela se ajustava, como se estivesse quase saindo do corpo dela, revelando a leveza e a delicadeza de sua figura.
Era um momento de vulnerabilidade, em que ele se sentia profundamente grato pela presença dela, e ao mesmo tempo, um pouco constrangido por perceber esses detalhes de sua mãe, de maneira mais consciente do que costumava fazer. Mas logo essa sensação desapareceu, dando lugar a uma compreensão mais profunda do que ela representava para ele — não apenas como sua mãe, mas como uma mulher forte, cheia de amor e paciência.
Ele sentiu uma onda de emoção que vinha de um lugar bem profundo, algo entre a admiração e a sensação de segurança, um lembrete do quanto ela significava para ele. Era o tipo de sentimento que ele não costumava verbalizar, mas naquele momento, sua gratidão parecia transbordar. Ela estava ali, ao seu lado, o que mais ele poderia precisar?
Maddie, como se sentisse sua atenção, virou a cabeça levemente, os olhos ainda fechados, mas com um sorriso suave nos lábios. Ela não precisava de palavras para expressar o conforto e a calma que ele precisava.
Danny fechou os olhos por um momento, respirando fundo e sentindo a presença dela. Ele sabia que, apesar de tudo o que haviam enfrentado, a coisa mais importante era que ela sempre estaria lá, cuidando dele, amparando-o.
Com a mente um pouco mais tranquila, ele finalmente se entregou ao sono, o abraço do calor e do amor incondicional de sua mãe o envolvendo, como uma camada de proteção que o acalmava e o fazia se sentir mais forte para o dia seguinte.
Maddie ficou ali, de olhos fixos em seu filho adormecido, o peito apertado com uma mistura de amor e culpa. O som suave da respiração de Danny preenchia o quarto, e ela o observava, com o coração batendo mais rápido a cada segundo. Ele estava finalmente tranquilo, o semblante relaxado, sem as sombras que costumavam assombrá-lo. Mas, mesmo assim, um pensamento persistia em sua mente, como uma ferida que nunca sarava.
O rosto de Danny, tão inocente e vulnerável agora, era o mesmo rosto que ela quase destruiu, o mesmo garoto que ela quase matou com as próprias mãos, em um momento de desespero e raiva. A dor daquela lembrança ainda a consumia, como um peso insuportável no coração. Como ela poderia ter chegado tão perto de fazer algo assim? Como poderia ter deixado a escuridão tomá-la de tal forma que ela estivesse prestes a perder o filho que tanto amava?
Mas o olhar sereno de Danny, seus traços calmos enquanto dormia, eram a lembrança do que ela ainda tinha, do que ela quase perdeu. Ela esticou a mão e tocou suavemente o cabelo dele, seu toque leve e cuidadoso, como se quisesse se redimir de tudo aquilo que quase fez. Era uma promessa silenciosa, uma forma de tentar corrigir o que o destino quase tinha tirado.
Maddie inclinou-se para frente, seus lábios encontrando a testa de Danny em um beijo suave, tão cheio de significado. Seus olhos se fecharam por um momento, sentindo a emoção transbordar. Ela jurou, em silêncio, com todo o seu ser:
— Eu te protegerei, Danny. Para sempre. Nunca mais deixarei você se sentir sozinho ou ameaçado. Nunca mais farei algo que te machuque, nem em pensamento. Você é meu filho, e eu farei tudo o que for necessário para te manter seguro.
Ela sabia que as palavras eram fáceis de dizer, mas os gestos falariam mais alto. Ela não poderia mudar o que havia acontecido, mas prometia, com todas as fibras de seu ser, que faria de tudo para nunca mais falhar com ele. Mesmo que isso significasse enfrentar seus próprios demônios, ela faria. Ela protegeria Danny, não importa o custo.
Com um último olhar amoroso, Maddie se acomodou de volta, fechando os olhos, sentindo-se, pela primeira vez em muito tempo, em paz. Ela sabia que a jornada deles seria longa, mas agora ela tinha a certeza de que, com seu amor, ela poderia enfrentar qualquer coisa.
Maddie ficou ali, observando o rosto de Danny adormecido, o coração apertado com uma emoção conflituosa que parecia sufocá-la. O quarto estava quieto, exceto pelo som suave da respiração dele. Mas, enquanto olhava para ele, algo dentro dela se agitava, uma mistura de medo profundo e amor incondicional, como uma tempestade silenciosa em seu peito.
Ela lembrava de cada momento difícil, cada luta interna que enfrentou, e como quase perdeu tudo. O medo de que a escuridão que uma vez a consumiu pudesse voltar, e com ela, levar o filho dela de novo. O medo de falhar, de deixar a raiva ou a dor dominarem novamente. O medo de que, apesar de todas as promessas que ela fez a si mesma, ainda não fosse o suficiente para protegê-lo de tudo o que o mundo poderia lançar contra eles.
Ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha, uma lembrança das mãos que quase o machucaram ainda frescas em sua mente. Os momentos em que a raiva a cegava, os momentos em que ela quase deixou seus medos tomarem o controle, quase destruindo tudo. Como ela poderia ter chegado tão perto? Como ela poderia ter permitido que a dor e o sofrimento dominassem o ponto de colocar a vida de Danny em risco? Esse pensamento ainda a dilacerava por dentro.
Mas, ao olhar para ele agora, ao vê-lo tão vulnerável e tranquilo em seu sono, ela sentiu uma onda de amor tão profunda que quase a derrubou. Um amor que a faz proteger querer cada pedaço dele, que a faz jurar que faria qualquer coisa para mantê-lo a salvo. Ela sabia que o medo não desaparecerá, que ele sempre estaria ali, à espreita, mas também sabia que o amor que sentia por ele era mais forte do que qualquer coisa. O medo era real, mas o amor era mais forte. E isso era o que a sustentava.
Maddie, com os olhos marejados, inclinados e tocou a testa de Danny, os lábios se encontrando com sua pele quente em um beijo terno e cheio de significado. Ela fechou os olhos, sentindo o calor dele, sentindo a conexão entre os dois, e, em silêncio, fez uma promessa para si mesma:
— Eu te amo, Danny... e eu te protegerei. Mesmo que o medo venha me consumir, eu farei tudo o que for necessário para nunca mais te perder. Você é minha vida, e vou te proteger até o último de meus dias.
Aquelas palavras eram ditas com uma intensidade que ela nunca tinha experimentado antes, não mais com a força de uma mãe, mas com a força de uma mulher que, através do medo, encontrou um amor tão profundo que não podia ser quebrado. E ali, naquele silêncio compartilhado entre os dois, Maddie jurou que, não importa o que acontecesse, ela sempre estaria ao lado dele, para guiá-lo e protegê-lo, com todo o amor que ela tinha a oferecer.
Maddie estava parada, congelada, com os olhos vidrados no vazio. O peso da culpa se esmagava sobre ela, tornando-se uma sombra impossível de ignorar. A cada respiração, o arrependimento apertava seu peito com mais força, como se o simples ato de viver fosse uma tristeza em si. Ela olhou para Danny, adornado ao lado dela, com uma dor imensa na alma, sentindo-se distante dele, como se estivesse observando uma versão distorcida de sua própria vida.
"Eu torturai meu próprio filho. Eu tentei matá-lo."
Essas palavras ecoavam em sua mente, um mantra de horror que a consumia. Como ela, uma mãe, poderia fazer algo tão impensável? Como alguém que se desvia de proteger e nutrir a vida de seu filho, poderia ser causa de tanto sofrimento? Ela sentiu o peso da escuridão que tomou conta dela, quando a raiva e a dor a dominaram de tal forma que quase a separaram de tudo o que ela amava.
Ela olhou para Danny mais uma vez, os olhos cheios de uma tristeza profunda, e então, um pensamento cruel atravessou sua mente: "Eu sou uma monstruosa." Não houve desculpas suficientes, nem razões que tenham sido justificadas ou que tenham sido feitas. O que restava dela depois disso? Ela não sabia. Não queria saber.
"Que tipo de mãe sou eu?" O silêncio que se seguiu foi pesado, e em sua mente, as respostas vieram de forma cruel e devastadora. Ela estava quebrada. Ela havia falhado.
Com a respiração cada vez mais acelerada, Maddie se virou, os olhos se encheram de lágrimas. Ela abriu as mãos contra o rosto, tentando conter o pranto que ameaçava escapar. Não havia palavras que pudessem aliviar essa dor. Não havia nada que pudesse reparar o dano feito.
Mas, no fundo, algo ainda a manteve ali. Algo que não era a certeza de perdão, mas a esperança de redenção. O amor incondicional que ela sentia por Danny ainda existia, embora estivesse turvado pelas cicatrizes que ela estava preocupada. Ela sabia que jamais poderia apagar o que fazer, mas uma parte de seu ainda queria lutar por ele, ainda queria ser a mãe que ele merecia.
Maddie ficou coberta até seu queixo, os olhos fixos no rosto de Danny. A parte interna dela não foi detalhada, mas havia um traço de determinação. Ela não sabia se poderia, algum dia, se perdoar. Mas ela sabia que, enquanto ainda tivesse fôlego, ela faria tudo o que estivesse ao seu alcance para nunca mais causar-lhe dor. Não por ela. Não para buscar a absolvição. Mas para ele, para o filho que ela ainda amava, mesmo que o medo e a culpa tivessem tentado separá-los.
Com um suspiro pesado, ela murmurou, quase sem voz, como uma promessa:
— Eu vou te proteger, Danny... Eu vou fazer de tudo para acertar o que fiz.
E, no fundo, essa promessa a mantinha ancorada na realidade, mesmo quando tudo parecia desmoronar ao seu redor. Ela ainda tinha uma chance de fazer as coisas certas. Mas, acima de tudo, ela sabia que a verdadeira batalha seria contra ela mesma.
FIM